We are the Sex Bob-Omb - Scott Pilgrim: HQ x Filme

“Scott, acho que você é o cara mais legal que eu já namorei.”

“Bem, isso é meio triste.”

 

                Eu fico surpreso com quantas pessoas conhecem Scott Pilgrim. Pelo fato de ser um algo que tem uma pegada mais nerd/pop, na minha cabeça era uma daquelas típicas obras de nicho que só despertava o interesse no público mais aficionado por este tipo de cultura. Pois bem, eu estava completamente errado. Não é difícil encontrar alguém que já tenha assistido ao filme, ou mesmo alguma garota que seja apaixonada pelo cabelo da Ramona. Apesar disso, muitas pessoas não chegaram a ler a HQ que baseou o filme (ou mesmo pessoas que não sabem que ela existe). Então, resolvi fazer um apanhado com algumas poucas diferenças entres essas mídias, para quem sabe instigá-los a conhecer um pouco mais da história.


 

[TEXTO COM LEVES SPOILERS]

 

FICHAS TÉCNICAS + SINOPSES



 

                Bom, antes de abordar as diferenças, acho justo dar algumas especificações sobre as obras, além de trazer a sinopse para aqueles que ainda não conhecem a história.

                Tendo o seu 1º volume lançado em 2004 e o último em 2010, Scott Pilgrim é uma série de história em quadrinhos em preto e branco, lançada originalmente em 6 edições e criada por Brian Lee O’Malley. No Brasil, a obra foi reunida em 3 edições e lançada em 2010 pela Companhia das Letras sob o nome de Scott Pilgrim Contra o Mundo.

                Sua adaptação cinematográfica, lançada em 2010, chamada Scott Pilgrim vs. the World, foi dirigida por Edgar Wright (Todo Mundo Quase Morto) e estrelada por Michael Cera (Superbad), no papel de Scott, e Mary Elizabeth Winstead (Sky High), no papel de Ramona Flowers.

                A sinopse das duas obras é a mesma. Tudo gira em torno de Scott Pilgrim, um canadense de 22 anos que vive na cidade de Toronto, Canadá. Ele é o baixista da banda “Sex Bob-Omb” e de repente se vê apaixonado pela entregadora Ramona Flowers, porém para namorá-la ele terá que derrotar a Liga dos 7 Ex-Namorados Malignos da garota.

 

HISTÓRIAS


Essa cena nem tem nada haver com o texto, mas eu adoro ela hahaha

                É aqui onde começam as primeiras diferenças entre as obras. Apesar de ter sinopses e inícios iguais, as maneiras como os enredos se desenvolvem são completamente diferentes. Essa diferença é um tanto quanto justificável ao se levar em consideração que a HQ tem muito mais tempo para desenvolver “plots” que o filme tem menos de 120 minutos para trabalhar. Ainda assim, é estranho ver como a adaptação cinematográfica muda quase que completamente a “essência” da história original. Enquanto que aquela tem o seu foco voltado para a ação, usando a relação entre os protagonistas apenas como um “pano de fundo” para que as batalhas aconteçam, no original o principal ponto é justamente o amadurecimento não apenas dos personagens principais como todos os outros.

                Apenas para se ter uma ideia de como são diferentes as abordagens, em determinada parte do filme, após derrotar um dos “Exs”, a turma vai para um bar e já nele acontece uma outra batalha, com outro Ex. Isso é completamente diferente da HQ, onde as batalhas são separadas por dias, as vezes meses, sendo que nesses “espaços” de tempo há o desenvolvimento de todos que estão na obra.

                Como eu disse, é aceitável essa diferença se compreendermos que o filme tem uma necessidade comercial muito maior que os quadrinhos, de modo que mais cenas de lutas ajudam a conquistar o “grande público”. Mesmo assim, as vezes ficamos com a impressão que o amor entre os protagonistas é “vazio” ou mesmo forçado, algo que não acontece no original, onde tudo é melhor explorado.

                Esse é só um exemplo, de muitos, de caminhos que são alterados, e por vezes apagados, que acabam alterando o “aprendizado” que a obra busca passar e, por consequência, a história em si.

 

PERSONAGENS


Tem muito mais por trás dessa banda do que você pode imaginar

 

                Esse ponto é na verdade uma continuação do anterior, sendo que ele decorre do mesmo problema da falta de tempo, mas como ele é um pouco mais específico e tem algumas particularidades, resolvi falar dele em outro tópico.

                Lembra da cena do filme em que o Scott reencontra uma amiga de infância e você descobre que ela era afim dele, mas que ele acabou namorando com a Kim? E a cena em que vemos o pai ninja assassino da Knives? Não?! Bem, é realmente impossível você lembrar delas porque as mesmas nunca aparecem no filme. Esses são só alguns exemplos de personagens que tem uma participação importante na HQ, mas que foram completamente esquecidos na adaptação. Outro exemplo, talvez até pior que os primeiros, é a participação dos Gêmeos Katayanagi que enquanto que no original têm um volume quase que todo voltado para o “arco” deles, no filme eles não falam uma mísera palavra.

                Apesar de faltar muita coisa nesse sentido no filme, é difícil falar que esse é um problema dele. Ao tratarmos de uma adaptação cinematográfica temos que entender que o papel dela é de justamente adaptar algo para o cinema (ava!) e não apenas utilizar tudo dos quadrinho como um roteiro.

                Por mais que sintamos a ausência e vontade de ver determinados personagens, e seus arcos, em live-action, devemos entender que talvez o melhor forma de transportar uma obra de uma mídia para outra seja justamente suprimindo momentos que, se analisarmos friamente, não estão “ligadas” ao final.

 

TRILHA SONORA

 

Bass Battle


                Acho que já “bati” demais no filme, então deixa eu exaltar algum ponto positivo hahaha. Pode parecer estranho considerar a música como uma forte diferença, já que devemos levar em consideração que Scott Pilgrim é uma HQ, então, obviamente, não há como inserir áudio nela. Porém, essa é uma história que tem uma forte conexão com a música, muito pelo fato do protagonista e alguns personagens tocarem em bandas. Sendo assim, ouvir a trilha sonora do filme (excelente, diga-se de passagem) e a maneira como ela se encaixa nele é sensacional.

                Os maiores destaques são a música de abertura “We are Sex Bob-Omb” e “Threshold”, tocada na batalha de bandas contra o Gêmeos. Mas um detalhe que eu faço questão de destacar é no momento em que Scott enfrenta Todd em um duelo de baixos. Entenda, SCOTT É HORRÍVEL. Ele toca baixo como um amador e fica clara a diferença quando ele enfrenta o outro baixista, que é profissional. Acho sensacional o filme trazer esses pontos que são sutis (só percebi após um colega músico me apontar), mas demonstram que apesar dos problemas que eu citei, houve um cuidado ao fazer a adaptação.

 

E AÍ? O FILME OU A HQ?

 

                Mas e aí, qual das versões é melhor? É difícil dizer que uma é melhor que a outra porque se tratam de mídias diferentes, com contextos diferentes. Claro que a HQ por ser a obra original possui uma história mais densa e completa que a adaptação. Porém o filme, sem dúvida alguma, é EXCELENTE, pois consegue transportar muito bem a maioria dos detalhes da obra para as telas inclusive elementos característicos, como os quadros de informação, barras de vida, entre outros, mesmo que para isso outros pontos sejam ignorados.

                Minha recomendação é que aproveitem as duas experiências. Talvez o melhor seja assistir ao filme primeiro para em seguida ler as HQ, sendo que dessa forma você terá mais informações sobre a história ao ler os quadrinhos, ao contrário do que aconteceria se fizesse o inverso.

                De qualquer modo, o que você não pode deixar de fazer é conhecer essa ótima história, passada na misteriosa terra de Toronto, Canadá.




                E então o que acharam do texto? Acha que eu esqueci de comentar algo? Dicas, críticas e sugestões são sempre bem-vindas nos comentários. Até o próximo post!

Publicado por: Unknown

20 anos. Apaixonado por mangás, HQs e academia (sério). Estudante de Direito nas horas vagas.
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